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terça-feira, setembro 15, 2009

Saudades?Gratidão? ( um episódio passado )


Adeus e obrigado, foram as últimas palavras que ouvira da boca dela ao mesmo tempo que me abria a porta para que saísse do seu apartamento.
Atónito, disse-lhe adeus e sai. Não me dirigi ao elevador, preferi as escadas. Andei até o carro mas resolvi andar a pé por algum tempo tentando não sentir o grande vazio que me ia na alma.
Pelo caminho, por onde andava sem destino, senti que essa lacuna me enchia de algo doentio: uma espécie de sanha, veneno, ódio, por tudo e por todos, mas principalmente por mim próprio; por ser como era, por me deixar humilhar pelas pessoas que amava.
“Não”! Aquela palavra ainda me soava aos ouvidos quando ao apartamento dela cheguei e notei que não era bem-vindo e perguntei-lhe se a minha companhia não lhe era aprazível. Esse não, o adeus e o obrigado, ficaram bem gravados na minha memória. Não tinha a certeza se um dia as conseguiria apagar.
Andava sem pressa, sem destino, ao contrário de quando para lá me dirigia. Para lá tinha urgência em vê-la, em abraça-la, enfim... Porém, ao sentir a frieza dela, nem coragem para lhe dar um beijo tive. Seria humilhação a mais, e já estou cansado de ser deprimido. Senti que morria aos poucos, como já o tinha sentido outrora. Porém, ao encontra-la renasci e nunca pensei voltar a sentir o mesmo que há anos atrás sentira e conclui não ter o direito de ser feliz.
Em passos lentos, como quem sente medo de pisar o terreno por onde passava, continuei caminhando. Sem dar por isso, entrei num parque. O arvoredo, os canteiros floridos, o relvado, coisas que eu tanto amava mas, que, na ocasião não apreciava porque não as enxergava.
Acabrunhado, sentei-me nuns degraus de madeira enquanto o pranto me rolava pelas faces; foi ao senti-las orvalhadas que notei que chorava. Sorri ao pensar que a lacuna que dentro de mim existia não se preenchia apenas de sentimentos rancorosos, havia algo de bom nesse vazio: talvez saudades, talvez gratidão, ou talvez as duas coisas.
Como quem acorda de um sonho, eu relembro as últimas palavras dela e pensei que deveria ser ela a dizer-me obrigada: por a ter ajudado a fazer o que há muito devia ter feito, por tudo o que comigo aprendera e continuava aprendendo, por tudo o que fiz por ela. Quiçá, aquele adeus e obrigado fossem uma nova ajuda. Pensei no outro lado da história, mas esse ficaria para uma outra ocasião: precisava reflectir sobre ele e analisa-lo com mais atenção.