Sim, talvez durmas. Não fazes ideia onde estou; e, afinal, tão próximo: como se te preparasse uma emboscada, ou tentasse proteger-me de ti. Amanhã, talvez confesse que passei a noite aqui, perto, pertinho, quase contigo; e aproveitarei para explicar que vim passar a noite na sala porque não tive coragem de te encarar e dizer-te que não te amo, já não te amo, nem sei se alguma vez te amei; dizer-te, também, que não tenho, não consigo ter, paciência para te olhar, para te ouvir, que já não consigo suportar o teu cheiro, que me arrepia a perspectiva de ter de te tocar; dizer-te que temos de nos separar imediatamente porque, caso contrário, sou capaz de começar a odiar-te.